Muito se fala sobre os telescópios espaciais, como Hubble, Kepler e, daqui em diante, James Webb e TESS, lançados ao espaço para varrer o céu e proporcionar descobertas sem precedentes. Mas, aqui na Terra, existem diversos telescópios de grande porte que acabam não ganhando os holofotes tanto quanto seus parceiros espaciais.
No caso de telescópios, não vale aquela máxima do “menos é mais”. Como a astronomia depende essencialmente do estudo da luz, quanto maior o telescópio, melhor. E está surgindo toda uma nova geração de telescópios gigantes que vão mudar muita coisa que sabemos (ou achamos que sabemos) sobre o universo.
O deserto do Atacama, no Chile, é um dos melhores lugares do planeta para se construir um telescópio gigante. Não somente pela grande área disponível no local, que, ainda por cima, fica a 2.400 metros de altitude (o que reduz a distorção das imagens causadas pela atmosfera), mas especialmente pelo fato de que, por lá, o céu noturno é extremamente limpo e, ainda, o deserto tem mais de 300 noites claras por ano.
Entre as missões que serão conduzidas em telescópios gigantes construídos recentemente, bem como naqueles que serão inaugurados em breve, estão coisas como detectar a matéria escura, capturar imagens de buracos negros supermassivos, e estudar exoplanetas. Em conjunto, eles formam uma espécie de exército de “olhos” voltados para o céu, somando forças ao trabalho dos telescópios espaciais.
Event Horizon Telescope (EHT)
Este é o telescópio que promete registrar a primeira fotografia de um buraco negro. Esses objetos espaciais não foram fotografados ainda, uma vez que sua intensa gravidade não deixa nada escapar dali de dentro (nem mesmo a luz). Então, como será possível fotografar um buraco negro?
Tudo acontecerá por meio da radioastronomia, que combina dados de diversos radiotelescópios ao redor do mundo. O EHT já foi capaz de observar raios-X e gamma a partir de unidades no Chile, Espanha, Estados Unidos, México e até mesmo no Polo Sul.
Esses telescópios, interconectados, criam um medidor de luz praticamente do tamanho da Terra, na esperança de detectar o chamado “horizonte de eventos” (limite de um buraco negro que determina a partir de onde nada pode escapar) de dois buracos negros supermassivos. Um deles é o Sagittarius A, localizado no centro da Via Láctea, e o outro se chama M87, em uma galáxia na Constelação de Virgem.
Caso tudo dê certo (o que devemos descobrir ainda em 2018), finalmente a comunidade científica terá provas visuais de que a teoria da relatividade geral de Albert Einstein está correta. Vale lembrar que a teoria prevê o horizonte de eventos, mas, até então, ainda não tivemos uma confirmação visual comprovando as ideias do gênio.
Large Synoptic Survey Telescope (LSST)
Situado no Chile, este telescópio conseguirá, por volta de 2022, detectar asteroides no espaço que tenham potencial para causar danos ao planeta Terra. Sua câmera poderosa é capaz de tirar 800 fotografias por noite, capturando seis comprimentos de onda, desde a ultravioleta até o infravermelho.
Cada uma dessas imagens será gigantesca, com 15 terabytes de dados sendo produzidos diariamente. Com tanta informação, os astrônomos conseguirão gerar um mapa detalhado de bilhões de galáxias, estrelas e objetos ao redor do Sistema Solar.
European Extremely Large Telescope (E-ELT)
Também no Chile, este telescópio ajudará o TESS em sua missão para descobrir e analisar exoplanetas. Mas, enquanto o telescópio espacial identifica bloqueios de luz em frente a estrelas (sugerindo que, ali, está passando um planeta), o E-ELT será capaz de fotografar esses planetas que orbitam outras estrelas que não sejam o nosso Sol.
Espera-se que as imagens geradas por este telescópio sejam 16 vezes mais detalhadas do que as belíssimas fotografias capturadas pelo Hubble – e isso pode acontecer já em 2024. O E-ELT também será usado para estudar as galáxias mais antigas, bem como para medir a taxa de aceleração do universo em expansão.
Giant Magellan Telescope (GMT)
A ser finalizado em 2023, este telescópio também fica no Chile. Ele será o telescópio óptico mais largo do mundo e, graças aos dados obtidos pelo TESS, o GMT conseguirá analisar a composição química dos exoplanetas descobertos. Conforme explicou Patrick McCarthy, vice-presidente de operações e relações externas do GMT, “quando um planeta passa em frente à sua estrela, um grande telescópio no solo, como o GMT, pode usar seu espectro para procurar por impressões digitais de moléculas na atmosfera planetária”.
Fonte: Canal Tech