Supercombo une universos da música e dos quadrinhos em novo disco

Com arte de Jean Diaz, a HQ “Adeus, Aurora” é um complemento para o CD homônimo

“Adeus, Aurora”, quinto disco de estúdio da Supercombo, chegou aos serviços de streaming na última sexta-feira (29) e já é o mais diferente e ambicioso de toda a carreira da banda. Desta vez, uma história em quadrinhos de mesmo nome acompanha o trabalho — a HQ foi lançada em dezembro do ano passado, durante a Comic Con Experience 2018.

“90% das músicas da Supercombo não são inspiradas em algo real. Às vezes, a inspiração vem de um filme, quadrinho ou livro”, explica Leo Ramos, vocalista e guitarrista, em entrevista ao IGN Brasil. “Temos discos com arte holográfica, com arte comum, emplacamos na [TV] Globo na época do Superstar. Pensamos: já fizemos coisas mais grandiosas do que somente um disco, o que podemos fazer a mais para trazer uma novidade ao mercado da música? Queríamos criar um universo pra gente escrever em cima. Daí a ideia de fazer um quadrinho”.

Acostumado a criar histórias de três, quatro ou cinco minutos por meio de composições musicais, esta é a primeira vez que Leo se aventura em um roteiro de algo maior. “Escrever um roteiro é mais difícil. Disco eu faço há mil anos. Mas o quadrinho foi mais prazeroso”, ressalta o músico — e o mais novo roteirista do pedaço. “É uma parada nova, nunca tinha feito e foi muito massa desenvolver esse ‘lado escritor que existia dentro de mim’, que é diferente de escrever música. O jeito de passar uma mensagem é muito mais abrangente, quase ilimitado”.

A arte, por sua vez, ficou a cargo de Jean Diaz, que por coincidência é cofundador da Supercombo, onde foi baterista até o segundo álbum, Sal Grosso (2011). “Meu contato com a banda nunca cessou. Nem pensei duas vezes”, conta Diaz, cuja carreira de quadrinista é marcada por grandes títulos como Mulher-Maravilha (DC Comics), Mass Effect (Dark Horse) e Fallout (Dark Horse). “Toda essa cultura geek sempre andou muito junto da banda e de mim também. Esse universo de referências foi muito usado no quadrinho”.

“É basicamente uma jornada do herói”, define Leo. “Uma menina que passa de uma pessoa no banco de reserva à protagonista da própria história. Tinha de ser o ‘mais Supercombo possível’, que é ao mesmo tempo sério e irônico”.

Jean Diaz, cofundador da Supercombo e ex-baterista da banda, assumiu a arte de “Adeus, Aurora”.

​A faixa “Amianto”, do disco de mesmo nome lançado em 2014 e uma das mais populares da banda (são mais de 27 milhões de visualizações no YouTube), trazia a história de alguém que beirava ao suicídio. Agora, a moça que, na letra, tinha de sair da sacada “por ser muito nova para morrer”, tem nome: Aurora. Essa e outras referências a CDs e canções antigas da Supercombo estão presentes na nova HQ.

“O fã da Supercombo vai identificar vários elementos da história da banda — estão estrategicamente inseridos como easter eggs”, adianta Leo. “Quem não conhece a banda, pode pegar o quadrinho e conhecer mais sobre quem escreveu e desenvolveu a história. Eu, pelo menos, quando vejo algum material, quero muito saber sobre o autor”. O modelo que a banda optou para divulgar o novo trabalho provoca, portanto, um encontro entre fãs antigos da banda e leitores de quadrinhos, que têm a oportunidade de conhecer novas histórias e, de quebra, novas músicas.

Segundo Diaz, ambos os materiais funcionam perfeitamente quando separados, mas o complemento é bem-vindo. “Apesar dos dois universos se cruzarem, talvez um não conheça a banda ou o fã da banda não leia quadrinhos. Os dois funcionam isolados, mas se complementam e tornam a experiência do disco novo algo muito maior”. Leo complementa: “A trilha sonora não necessariamente é ao pé da letra e nem narra ações, porém transmite sentimentos que um personagem está passando em determinado momento da história. É como se fosse uma trilha sonora de um filme.”

Nova formação da Supercombo, da esquerda para a direita: Paulo Vaz (teclado), André Dea (bateria), Carol Navarro (baixo e voz), Leo Ramos (voz e guitarra) e Pedro “Toledo” Ramos (guitarrista e voz).

“O que eu queria mesmo era fazer uma graphic novel com 200 páginas”, brinca Leo. “Mas é muito trabalho. Ao mesmo tempo, não vou dizer ‘nunca’ — vai que a gente decide fazer? Fizemos uma história em quadrinhos, afinal”.

Tanto o campo da música quanto dos quadrinhos estão com um check preenchido pela Supercombo. Ao ser questionado como essa história poderia ser transportada para os videogames, Ramos se mostrou antenado: “Rapaz… para fazer sucesso, teria de ser um Battle Royale”.

Com 10 faixas, “Adeus, Aurora” já está disponível nos serviços de streaming. A HQ homônima, por sua vez, pode ser encontrada no site da Gritaria.

 

Fonte: IGN Brasil

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