Quando Leonel Brizola tentou barrar a primeira edição do Rock in Rio

O Rock in Rio, maior festival de música do planeta, teve sua primeira edição entre 11 e 20 de janeiro de 1985. Desde então, suas 19 edições também aconteceram em Portugal, Espanha e Estados Unidos. Entretanto, quando o primeiro evento estava sendo organizado, o empresário Roberto Medina se deparou com uma curiosa barreira: o então governador do Rio de Janeiro, Leonel Brizola, parecia não ter gostado da ideia.

A Cidade do Rock

Roberto Medina planejava construir uma cidade para abrigar o evento, que contasse com atrações como shopping centers, lojas e redes de fast food. O local escolhido foi um terreno de 250 mil metros quadrados na Barra da Tijuca, posteriormente conhecido como Cidade do Rock. Mas, antes da construção, Brizola infernizou os organizadores com custos de última hora e exigências para uso do local. Apesar de não proibir o evento, o governador parecia querer inviabilizá-lo.

Cerca de 25 milhões de dólares foram gastos para levantar a Cidade do Rock. Mas, ao invés de gerar lucros, aquela primeira edição foi responsável por um prejuízo de mais de US$ 30 milhões à família Medina. Em seu plano de negócios, o empresário esperava que a rentabilidade do evento viesse depois, com a continuidade de uso do espaço privadamente.

E, novamente, Brizola veio ao seu encontro: já que a organização do evento pedira o uso do terreno em caráter provisório, não fazia sentido eles continuarem se apropriando do espaço público. Cumprindo determinação da Justiça, Brizola ordenou a demolição da cidade para reintegração de posse ao patrimônio do Estado.

Duas versões

Segundo Roberto Medina, em entrevista à Revista Época, o governador Brizola teria encrencado com o evento de Rock por questões puramente políticas. “Um ex-secretário de Brizola me contou que o prefeito queria cortar minhas asas. Achava que eu estava em grande evidência no Rio e poderia ter aspirações políticas”, afirmou ele, lembrando que seu irmão Rubem Medina foi um dos parlamentares com mais mandatos na Câmara Federal.

Entretanto, muitos sugerem que Brizola, como governador do Estado, apenas fez valer o seu papel: como o empresário concordara em usar o terreno para um único evento, nada mais justo que a cidade fosse derrubada e voltasse para as mãos do poder público, ao invés de gerar lucros à família Medina.

Fonte: Aventuras na História

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