Os 10 melhores jogos da série Final Fantasy

Iniciada ao final da década de 1980, Final Fantasy estabeleceu elementos hoje utilizados por uma miríade de jogos do gênero de RPG. E mesmo diante de tantas outras opções em outras franquias — algumas até desenvolvidas pela própria Square Enix, veja só —, Final Fantasy ainda consegue se manter quase que exclusiva de seus congêneres. Sempre que um novo jogo da série está prestes a ser lançado, o mundo para e dedica sua atenção quase que total.

Mas diante de tantos jogos de sucesso — uns mais, outros menos, é verdade —, como escolher, de forma justa, o melhor Final Fantasy entre todos os “Final Fantasies”? De fato, é uma tarefa hercúlea e ingrata, mas tentamos  estabelecer um ranking (totalmente opinativo) promovendo os títulos mais lembrados da franquia na mente dos fãs.

Vale o aviso: fizemos o nosso melhor para evitar isso, mas algumas entradas abaixo podem conter spoilers, então considere o alerta durante a sua leitura. Isso dito, vamos à lista?

10. Final Fantasy X

O primeiro jogo da franquia totalmente em HD, visuais em 3D e uma história… bem bagunçada. Final Fantasy X é bem grande em escala, embora não se note aqui o caráter épico de algumas das entradas posteriores neste ranking, mas ainda assim é uma experiência única que conta com dois protagonistas distintos e um sistema de evolução de personagens incrivelmente criativo e intuitivo.

Aqui, você controla Tidus, um exímio jogador de blitzball que, por uma série de razões, acaba sendo levado pela figura mitológica Sin para mil anos no futuro do mundo de Spira — ou pelo menos é o que o início do jogo lhe faz pensar. Reviravoltas de enredo na segunda metade do jogo acabam dando o tom narrativo que faltou em todo o restante do jogo, ainda que os personagens em si, salvo raras exceções, falhem em cativar de fato.

Nos combates em si, esse foi um dos primeiros jogos da franquia a adotarem um método mais tradicional de confrontos por turnos, abandonando o sistema ATB (Active Time Battle) característico da série até então. E, no geral, a narrativa serve como um bom pano de fundo para estabelecer e evoluir as relações entre os personagens em si: sozinhos, eles não vingam, mas juntos os laços entre todos mostram um enredo coeso e bem amarrado.

9. Final Fantasy V

Esse é possivelmente um dos títulos mais subestimados da franquia e você provavelmente está se armando para o apedrejamento nos comentários, mas segure os ânimos aí: Final Fantasy V realmente foi superado — sem muita dificuldade, aliás — em praticamente todos os seus aspectos: enredo, construção de personagens, jogabilidade, trilha sonora… quase todos esses conceitos foram melhor aplicados em outros jogos da longeva série.

O que torna Final Fantasy V memorável é o fato de ele ter estabelecido alguns padrões que até hoje são aplicados de uma forma ou de outra em jogos subsequentes: o sistema de Jobs (ocupações específicas para cada personagem, com atributos ajustados de acordo) aplicado aqui foi o primeiro a receber uma enorme atualização frente ao primeiro e terceiro jogos da série, permitindo que você trocasse a ocupação de seu personagem sem perder algumas de suas habilidades mais compartilháveis: um mago branco arqueiro? Claro, por que não? Um guerreiro resistente que segura danos altos, com capacidade de manejar duas armas tal qual um ninja? O céu era o limite aqui e, embora o sistema de Jobs seja hoje relegado a jogos online da franquia ou spin-offs específicos, você verá que outras entradas deste ranking ainda possuem esse mesmo tipo de progressão. Eles mandam bem nisso, mas foi Final Fantasy V que começou com tudo.

Além do mais, diante da infinidade de possibilidades de abordagem às inúmeras batalhas do jogo, Final Fantasy V, originalmente lançado em 1992, continua tão jogável hoje como naquela época — e você vai precisar dessa criatividade, já que esse é um dos títulos mais complicados de toda a série.

8. Final Fantasy II

O que mais conta a favor de Final Fantasy II é o fato de que este é o primeiro com personagens estabelecidos, fugindo do template básico de “heróis-padrãozinho-sem-nomes-derrubam-vilão-malvado” do seu predecessor. Foi aqui que a Square começou a se firmar como uma empresa que preza pela construção narrativa e estabelecimento de personagens com os quais os jogadores possam sentir empatia e envolvimento.

Entretanto, pesou muito contra ele o fato de ter aparecido no Ocidente apenas em 2002, quase 25 anos após o seu lançamento original no NES (Famicon, no Japão). De lá para cá, Final Fantasy II tornou-se incrivelmente multiplataforma e versões dele podem ser encontradas até no Android ou iOS (elas custam uma bica nos fundilhos, já adiantamos: R$ 29,90 em ambas as plataformas).

Outro ponto negativo é o fato de que ele negligenciou o sistema tradicional de evolução de personagens (o famoso level up) por um em que você só aprimora aquilo que utiliza. Foi uma tentativa tacanha da Square Enix de adicionar um elemento realista ao jogo (convenhamos, se você só usar uma espada, não se tornará proficiente em armas de fogo, certo?) em uma época que só queríamos enfrentar uns monstros sem muita “firula”. Vale pelo clássico, mas há outros bem melhores.

7. Final Fantasy Tactics

Temos aqui um jogo da franquia que mais se assemelha à série Game of Thrones (tirando, claro, o sexo entre irmãos e a violência desmedida): um exemplo de enredo, Final Fantasy Tactics coloca você, um herdeiro de família nobre, no meio de uma guerra entre duas facções (a “Guerra dos Leões” — o Leão Branco e o Leão Negro) pelo controle do mundo de Ivalice. Nessa história, vemos polarizações políticas, manipulações de grupos e pessoas e até mesmo um apreço pela religião, mas o real destaque fica para o combate.

Final Fantasy Tactics é o primeiro da franquia a entrar no subgênero “SRGP”, uma sigla que basicamente se traduz para “RPG de estratégia”. Ao contrário das batalhas por turnos de outrora, o game adota uma abordagem ainda mais aprofundada, tecendo um sistema de Jobs bastante aprofundado, com personagens em classes que carecem de extremo aprofundamento e cuidado para que sejam evoluídas ao máximo, em lutas de facções com vários personagens em um tabuleiro, onde você vai movendo os participantes em posições estratégicas que vão além do ataque e defesa, mas consideram também fatores como terreno elevado ou plano e premissas elementais. Pense “xadrez”, depois de uns esteroides.

Final Fantasy Tactics é um dos jogos mais lembrados de toda a franquia e, embora não seja uma parte da série principal numerada, atingiu status de primeira grandeza junto aos fãs. Definitivamente, se tem algum jogo que merece um remake, é este.

6. Final Fantasy XIV: A Realm Reborn

Saindo do plano estratégico para os terrenos do MMORPG, Final Fantasy XIV: A Realm Reborn tem posição de destaque aqui não apenas pela sua excelência enquanto jogo, mas também por ser o mais sincero pedido de desculpas de uma empresa para com seus fãs. A Square Enix já havia lançado um “FF14” antes, mas seu desempenho no geral era, para fins de polidez, “fraco” na melhor das hipóteses.

A Realm Reborn, basicamente, é o décimo quarto jogo da franquia refeito após um ano do seu lançamento, com a publisher japonesa assumindo o erro e refazendo o material como ele deveria ser, sem pressa por prazos e com liberdade criativa total. E o melhor: o erro do passado não foi apenas descartado, fingindo que nunca ocorreu, mas incorporado ao enredo do novo produto — Final Fantasy XIV tem duas fases distintas: “Before the Fall” e “After the Fall” (“Antes” e “Depois da Queda”, respectivamente), amarrando o erro anterior como uma espécie de “fim de mundo” do qual as muitas raças se reergueram dentro do novo jogo e perfeitamente simbolizando a transição do jogo péssimo inicialmente lançado, ao produto cheio de qualidade e crocância do relançamento.

Adicione a isso os elementos característicos de um MMORPG de sucesso — quests variadas e numerosas, extrema dedicação à evolução de seu personagem, um sistema de Jobs intrínseco e intercambiável e diversos elementos narrativos com várias referências ao cânone principal — e Final Fantasy XIV: A Realm Reborn se consagrou como um dos jogos mais bacanas da atual geração, já contando com três grandes expansões e ainda seguindo firme na ativa. Nada mal, não?

5. Final Fantasy VIII

O oitavo jogo da série principal da Square Enix é um dos mais divisivos do gênero: amado por muitos, criticado em igual medida. Uma percepção unânime aos dois lados, porém, é a de que Final Fantasy VIII foi ousado. Foi o primeiro jogo a abandonar o aspecto semimedieval de seus predecessores, ambientando-se em um contexto pós-moderno, com militarismo jovem, nações de estrutura contemporânea ao invés de impérios — toda uma percepção bem atrelada à vida moderna, mas com o toque fantasioso de sempre.

A maior mudança, porém, foi no sistema de gerenciamento dos personagens: para a janela voam fatores como “MP” para lançar magias, que aqui se tornam algo semelhante a itens numerados e colecionáveis. Além disso, elas têm um peso nos atributos dos guerreiros: o chamado Junction Magic System permitia que você “equipasse” magias para melhorar pontos de vida, força, velocidade e outros; além de estabelecer atributos elementais aos seus golpes físicos.

Foi um jogo onde a ciência — ou quanta “ciência” fosse possível em um jogo de fantasia — foi mais considerada, trazendo ênfase estratégica e uma dedicação até então inédita às summons (“Invocações”). O enredo foi um tanto bizarro, mas bem contado, trazendo alusões a viagens no tempo, controle mental e militarismo moderno, bebendo de fontes populares da cultura nerd, como Star Wars e De Volta Para o Futuro. Os personagens, porém, deixavam a desejar: salvo pela real antagonista, que é mais tida como uma presença maléfica do que um vilão esfregado na sua cara, é o ponto alto em um mar composto por adolescentes remetentes à “tristeza emo” da vida — só que eles podem dar espadadas, tiros e lançar magias. E, para quem jogou, sim, o Squall é filho daquele outro cara… por que raios vocês ainda querem discutir?

4. Final Fantasy VII

Pense em um jogo que tem de tudo: esse é Final Fantasy VII. Tido como um dos clássicos mais influentes não apenas da franquia, mas de todo o gênero dos jogos de RPG, a história de Cloud Strife e o enigmático vilão Sephiroth conquistou gerações — tanto que seu remake completo (e muito, mas muito maior em escopo) está em vias de chegar, no início de abril de 2020. Aqui, você tem horas de dedicação apenas para brincar de customizar seus personagens com as Materias e buscar pelas armas mais poderosas e…

Ok, esse é o grande problema com Final Fantasy VII; é um jogo maravilhoso, inegavelmente, mas o status de cult ao seu redor comumente esconde algumas falhas, como o combate sendo bastante lento e a transição para o 3D nos contemplar com animações comicamente bizarras, tipo as mãos quadradas dos personagens em algumas animações e os seios fisicamente impossíveis de uma das protagonistas — sério, ninguém aguentaria carregar aquilo no próprio corpo.

Isso dito, o jogo traz um enredo sensacional, cheio de voltas ao redor de seus protagonistas e o cânone expandido — que inclui spin-offs como Before CrisisCrisis Core e Dirge of Cerberus, além do filme Advent Children — faz com que Final Fantasy VII seja um dos jogos mais bem quistos do mercado, além de quase ser uma obrigação de ser jogado para quem quer se aprofundar no universo gamer.

3. Final Fantasy IX

Depois de VII e VIII adotarem uma percepção mais soturna da vida, a Square Enix decidiu virar 180º e entregar aos fãs um jogo que, ainda que retornasse às raízes semimedievais de outrora, o faria de uma forma mais colorida e jovial. Assim, Final Fantasy IX trouxe um elenco de personagens memoráveis (para o bem ou para o mal, é verdade) e uma ambientação que prezava pela amplitude de cenários e um mundo tão aberto que até hoje ainda estamos descobrindo segredos e macetes dentro do jogo.

Você começa bem baixo, como em todos os outros jogos da série, sendo membro de uma guilda de ladrões com uma missão “nada difícil”: sequestrar uma princesa durante um festival artístico onde todos os olhos e segurança estão voltados à realeza e nobreza presentes. Mal sabe você, a princesa, dentro dos seus motivos, também quer ser sequestrada. E o resto se desenvolve em um enredo com uma projeção de crescimento incomuns até mesmo para quem tem talento em escrever um jogo — e isso não somos nós falando: o próprio Hironobu Sakaguchi, uma das mais lendárias figuras da indústria e criador de toda a franquia, admitiu isso.

O que se segue é uma trama desenrolada em um pano de fundo diferente, apostando no humor para entregar um protagonista chauvinista que, aos poucos, vai evoluindo com seus companheiros, além de um vilão de motivação encantadoramente mesquinha, ainda que longe de ser inédita. E com o remaster lançado para PlayStation 4, a retexturização em HD deixou tudo ainda mais bonito de se ver em Final Fantasy IX.

2. Final Fantasy XII: The Zodiac Age

Final Fantasy XII — o original, no PlayStation 2 — tinha todas as qualidades de seus predecessores: tamanho, imersão e expansividade, além de um elenco composto de heróis e vilões incrivelmente cativantes. Mas a forma como cada um era gerenciado (por meio de um sistema aberto de level up que se repetia por todos os membros da equipe) tornava fácil demais a construção de lutadores extremamente iguais, apenas com nomes e visuais diferentes.

Foi apenas em julho de 2017, com a remasterização Zodiac Age, que o verdadeiro potencial de Final Fantasy XII realmente veio a tona, com a adoção de um sistema de Jobs que fazia com que cada personagem tivesse a sua própria evolução e atribuição — e a forma como isso se amarrava à personalidade de cada um e ao enredo geral do jogo ainda tornava tudo melhor. Você assumia o papel de Vaan, que apesar de ser controlado pelo jogador, não era o único protagonista (aqui fomos apresentados a um dos heróis mais suaves e meticulosos de toda a franquia, além de uma princesa que, de sexo frágil, não tinha é nada).

O que ambas as versões tinham em primazia, porém, era um sistema de combate que prezava pelo confronto em tempo real (foi o primeiro a abandonar “encontros aleatórios” com cortes de tela em favor de ver seus inimigos de longe e traçar estratégias para atacá-los ou evitá-los), destoando de forma majestosa de seus predecessores. Mais de uma década depois e com um remaster no currículo, Final Fantasy XII ainda permanece como uma joia rara na coleção de qualquer gamer.

Menções honrosas

Final Fantasy XIII

O extremamente divisivo Final Fantasy XIII tem uma história cativante, sendo o primeiro da franquia a contar com uma narrativa que foge do padrão “super-poder-obscuro-quer-dominar-ou-destruir-o-mundo”, favorecendo uma abordagem com mais aspectos políticos do que se poderia perceber, além de temas em voga como o preconceito contra raças, o papel negativo sobre a sociedade exercido por um governo teocraticamente fundamentalista e militarizado, além de pincelar em seu enredo a temática do genocídio e extermínio do que é diferente de uma classe dominante. Mas sua linearidade e seu combate bisonhamente amarrado na protagonista (se ela morresse, o jogo acabava, mesmo com outros personagens ainda vivos), acabaram minando a experiência do primeiro jogo da franquia no PlayStation 3 Suas continuações diretas — XIII-2 e XIII: Lightning Returns — tentaram remediar isso de alguma forma, com relativo sucesso, mas o dano já estava feito de tal forma que nem mesmo a trilha sonora conduzida pela voz maravilhosa de Leona Lewis salvou.

Final Fantasy XV

Possivelmente o maior lançamento da franquia nos consoles da atual geração, Final Fantasy XV foi o respiro de uma série que vinha enfrentando duras necessidades de renovação: a história de Noctis Lucis Caellum e seus companheiros Ignis, Gladiolus e Prompto remetem às road trips que todos fazemos com nossos amigos mais próximos, fazendo deste um enredo que, embora cheio de cacos, seja coeso e interessante de ponta a ponta. Entretanto, a construção de personagens mal conduzida e o combate permanentemente caótico mostram que, embora uma evolução em relação a XIII, a Square Enix ainda não exatamente chegou lá…

1. Final Fantasy VI

Do enredo, aos personagens, à narrativa, à ambientação e a jogabilidade, nenhum jogo lançado pela Square Enix supera a grandiosidade que foi Final Fantasy VI: o último título linear da série para a era 16-bit tinha tudo — um elenco de 12 personagens principais, cada qual com a sua história a ser desenvolvida, e uma boa parcela do jogo dedicada a construir cada um deles e amarrar seus detalhes e personalidades ao enredo principal do jogo, este ambientado em uma temática steampunk que troca o lirismo fantasioso das magias por atribuições tecnológicas remetentes às revoluções industriais passadas pela humanidade.

Mas era na segunda metade do jogo que a obra realmente se revelava: ao permitir que o jogador determinasse o seu próprio rumo, Final Fantasy VI encorajava você a encarar seus muitos desafios — opcionais e obrigatórios — na ordem que lhe fosse mais conveniente, o que era inédito para o gênero na época e, mesmo hoje, ainda é difícil de se ver. Finalmente, o sistema tradicional de combate ATB era de uma deliciosa pureza, ampliada pela vasta quantidade de armas e equipamentos, magias únicas e atreladas a cada personagem, e um sistema de invocações totalmente reformulado, que ditaria o ritmo desse mecanismo em todos os jogos subsequentes.

Final Fantasy VI é até hoje a magnum opus da Square Enix, e o fato de que, em 33 anos de existência da franquia, a publisher japonesa ainda não conseguiu superar a sua magnitude, é um testamento sobre o que esse jogo representa para o público entusiasta do RPG.

E você, o que diz?

Como toda lista, esperamos que existam discordâncias e, verdade seja dita, muitos outros jogos da franquia mereciam entrar aqui. Ao prezar pela objetividade, acabamos sacrificando alguns itens pelos quais temos imenso carinho, e provavelmente você, leitor, vai concordar com isso.

Fonte: Canaltech

 

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