Nave tira fotos da Terra enquanto segue seu caminho rumo a Vênus e Mercúrio

Na última sexta-feira (10), a nave BepiColombo fez o seu primeiro e único sobrevoo sobre a Terra, a uma distância de 12.700 km do nosso planeta. Enquanto o centro de controle da missão conduzia a manobra com pessoal reduzido (devido às medidas de distanciamento social em resposta à pandemia de COVID-19), a BepiColombo fotografou nosso planeta brilhando na escuridão.

Essa aproximação foi feita para aproveitar a gravidade da Terra com o objetivo de ajustar a trajetória da nave espacial rumo ao seu destino final, Mercúrio. A estratégia faz com que a nave economize combustível, mas isso não torna as coisas mais fáceis para a equipe de controle. Durante 34 minutos logo após a aproximação, a BepiColombo passou pela sombra da Terra, ficando sem energia da luz solar pela primeira vez.

O momento que a Terra vive empresta às novas fotos do planeta um significado diferente das muitas outras imagens que já foram registradas. Para Günther Hasinger, diretor de ciências da ESA, “essas selfies do espaço são humilhantes, mostrando nosso planeta, o lar comum que compartilhamos, em um dos períodos mais perturbadores e incertos que muitos de nós já passamos”.

Hasinger, que acompanhou a manobra remotamente, em sua casa, na Espanha, devido à quarentena, completou:

“Somos cientistas que controlam naves espaciais para explorar o Sistema Solar e observar o Universo em busca de nossas origens cósmicas, mas antes disso somos seres humanos, cuidando uns dos outros e lidando juntos com uma emergência planetária. Quando olho para essas imagens, lembro-me da força e resiliência da humanidade, dos desafios que podemos superar quando nos unimos e desejo que eles tragam o mesmo sentimento de esperança para o nosso futuro.”

Calibrando os instrumentos

Enquanto a BepiColombo cruzava o céu noturno do nosso planeta, a maioria dos instrumentos científicos do Mercury Planetary Orbiter (MPO) – um dos componentes científicos que compõem a missão – foram ativados. É que a missão é composta, na verdade, por duas espaçonaves distintas, que deverão se separar quando se estabelecerem na órbita mercuriana.

Durante o sobrevoo, a nave registrou outros dados, tais como imagens da Lua e medições do campo magnético da Terra. Os cientistas usarão esses dados para calibrar os instrumentos na nave que, a partir de 2026, investigarão Mercúrio, o menor e mais interno planeta do Sistema Solar, para buscar pistas sobre sua formação e evolução.

Desenvolvida pela Airbus e lançada em outubro de 2018, a espaçonave da ESA (agência espacial europeia) e da JAXA (agência espacial japonesa) seguirá para a região mais interna do Sistema Solar, e fará dois sobrevoos em Vênus e seis em Mercúrio. Só então ela será capaz de atingir a velocidade e parâmetros corretos para ser capturada pela gravidade do pequeno planeta.

Fonte: Canaltech

Compartilhe