Minicelular apreendido em presídio custa R$ 160 na web

Telefone ganhou notoriedade após operação no Rio de Janeiro. Anatel proíbe comercialização.

Foto: Telefone ganhou notoriedade após operação no Rio de Janeiro. Anatel proíbe comercialização.

Uma operação em presídio do Rio de Janeiro, na segunda-feira (10), chamou a atenção devido a uma das apreensões: um minicelular com tamanho de uma tampa de caneta encontrado em uma das celas. A curiosa imagem divulgada pela Secretaria de Administração Penitenciária ganhou a internet brasileira. No entanto, o produto está longe de ser filho único: é possível comprá-lo na internet por cerca de R$ 160.

O aparelho traz as teclas de discagem, botões de controle e os tradicionais liga/desliga. O produto é descrito como “mini super small” numa plataforma brasileira de compra e venda. Não é por acaso: tem 62 milímetros de altura, 24 de largura e 11,2 de comprimento. Listado como item “novo”, sai a R$ 159,99 à vista ou em 12 vezes de R$ 15,29 (total: R$ 183,58).

“Cabe em qualquer lugar!”: vendedor tem 97 unidades em estoque — Foto: Reprodução/TechTudo

O lojista de Itapevi, em São Paulo, vendeu 68 unidades nos últimos quatro meses, de acordo com o site de leilão. Outro vendedor, desta vez baseado na capital paulista, comercializou mais 1.032 equipamentos similares no mesmo período.

As ofertas costumam dizer que se trata de um telefone “desbloqueado”, ou seja, compatível com qualquer operadora de telefonia. Funciona somente em redes 2G, mesmo estando num momento em que começamos a falar de 5G no Brasil e no mundo.

Não informam, porém, se os produtos têm certificação da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), exigência para que um telefone seja vendido. A seção de perguntas e respostas traz pistas a partir do relato de um usuário: “gostaria de saber se este celular é reconhecido pela Anatel”, escreveu ele, acrescentando que “um colega comprou e está recebendo mensagem de que o aparelho é irregular”. O vendedor acredita que não “pois é importado!”

Telefone não tem nada de smart e opera somente na rede 2G — Foto: Reprodução/TechTudo

O chip entra em uma bandeja na lateral direita. O espaço reduzido também se reflete no armazenamento digital: há entre 24 e 32 MB para guardar informações. Está longe de se comparar com os smartphones mais baratos do momento, cujo espaço para fotos e vídeos costuma partir de 4 GB em modelos de entrada, caso do recém-lançado Positivo P70S.

Donos do equipamento contam com espaço para 250 contatos na agenda e 50 mensagens. O Bluetooth defasado (versão 3, sendo que a indústria oferece smartphones com versão 5) permite conectá-lo a fones sem fio para fazer chamadas ou transmitir canções. O modelo fica devendo rádio FM.

As páginas de classificados dizem que o produto se destina ao público da terceira idade. As teclas pequenas parecem contradizer a informação, visto que os celulares para idosos costumam trazer botões físicos graúdos. Ao menos vem com bateria de sobra: quatro horas em ligações, três dias em uso normal e sete dias em modo de espera.

As avaliações majoritariamente positivas destacam a conveniência de poder levá-lo a qualquer canto. “Cabe em qualquer lugar e o som é totalmente perfeito”, escreveu um usuário. Outro disse que é um produto “meio frágil”. Teve ainda quem se queixasse da dificuldade de trocar o idioma do sistema Java para português.

Potencial comprador pergunta sobre porcentagem de metal — Foto: Reprodução/TechTudo

Um cliente chegou a perguntar qual o percentual de composição de metal. O vendedor respondeu não saber, mas ressaltou que “ele é de plástico”. Outra queria saber se “é 90% plástico?” Resposta: “não sei a porcentagem, mas sim, a maior parte é plástico”. Preocupação incomum para o uso cotidiano, exceto se a pessoa cogita passar por um detector de metais.

Por sinal: não roda WhatsApp.

A Anatel proíbe a comercialização de microcelulares desde maio de 2017 por falta de certificação e homologação.

Fonte: Tech Tudo

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