Geek City: Yoobe e a missão de conectar criadores e fãs pelo merchandising

Uma startup de brasileiros, acelerada no Vale do Silício, chega agora ao Brasil para mudar a forma como criadores de conteúdo e seus fãs lidam com merchandising e produtos licenciados. A Yoobe, uma das expositoras do espaço dedicado às empresas em ascensão no Geek City 2019, quer cortar as barreiras desse setor, facilitando a criação de peças e a entrega dos materiais diretamente para os usuários.

A empresa faz parte do portfólio selecionado da Founder Institute, uma relação dedicada apenas à nata da aceleradora, indicando as empresas com uma forte tração logo em seus primeiros anos de existência. Após receber essa impulsão no Vale do Silício, nos EUA, e já ter operações lançadas também na Europa, ela retorna ao Brasil e sua terra-natal, Curitiba (PR), para mudar as coisas por aqui.

“A maturidade do mercado dos Estados Unidos foi a principal razão pela qual começamos o negócio por lá. Eles estão acostumados a consumir merchandising e monetizar suas imagens”, explica Bruna Buffara, responsável pela experiência do usuário na Yoobe. A iniciativa também vem para resolver o inverso dessa questão para os criadores locais. “Aqui, é difícil que um produtor de conteúdo seja bem remunerado por aquilo que está fazendo”.


É nesse sentido que a Yoobe deseja trabalhar. A startup disponibiliza uma plataforma online onde o criador pode criar seu próprio marketplace de produtos personalizados, seja com a própria logo, imagem ou artes próprias. Todo o processo de fabricação das peças fica por conta da empresa, enquanto o responsável pela lojinha tem controle total sobre custos, prazos, itens que deseja oferecer e, principalmente, quanto quer ganhar.

“Para que o sistema seja justo, não trabalhamos com porcentagem. Cada criador escolhe de fato quanto deseja receber pelas peças”, explica Buffara. Além disso, ao apresentar a plataforma, ela cita outro grande diferencial: não existe pagamento prévio, e tanto a própria Yoobe quanto o criador somente recebem quando um produto é vendido.

O controle é total e o criador pode criar margens de ganhos diferentes para cada tipo de item, manipulando os valores sempre que desejar para criar promoções ou incentivar a compra de lançamentos pelos usuários, por exemplo. O sistema funciona em camadas, sendo possível aplicar diversas delas, cada uma com uma arte ou texto, e posicionar como quiser. “O objetivo é que qualquer um, mesmo que não entenda de design, possa criar seus produtos de forma fácil”, explica Gabriela Davis, cofundadora da Yoobe.

Yoobe faz a ponte entre criadores e fabricantes para a produção de produtos de merchandising entregues em todo o Brasil (Imagem: Divulgação/Yoobe)

Na outra ponta, a Yoobe trabalha com uma mecânica de drop shipping, também não mantendo um estoque próprio, mas sim trabalhando com as unidades disponibilizadas pelos fabricantes. “Normalmente, conectamos os criadores com produtores locais do país ou região para a qual o produto será enviado”, explica Genau L., fundador e CEO da empresa. “Ao mesmo tempo, garantimos a qualidade dessa produção.”

Na medida em que mais e mais parceiros forem adicionados à plataforma, a ideia é que novos produtos sejam adicionados a ela, assim como os valores de frete e o tempo de envio caem. A Yoobe não revela quantos nem quais são seus fornecedores, mas diz trabalhar para manter uma oferta abrangente, tanto em todo o Brasil quanto fora dele.

Seguidores em destaque

Uma vez criados e publicados, os itens ficam disponíveis para venda. E é aí que entra a segunda parte do negócio, que também abre espaço para designers e artistas que são fãs dos criadores de conteúdo que possuem lojas na Yoobe. Eles podem enviar seus trabalhos para os ídolos e, melhor ainda, também receber por isso.

Mais uma vez, todo o trabalho acontece pelo sistema online da startup, mas designers e criadores têm interfaces diferentes. E, aqui, vale também a mesma transparência exibida pela empresa na escolha de lucros pelos criadores: os artistas podem definir exatamente quanto desejam ganhar na venda de cada tipo de produto que traga seu trabalho exposto, enquanto os donos de lojas podem aprovar ou não a venda e os totais pedidos em seu próprio sistema de gerenciamento, vendo a conta final dos valores e também ajustando o próprio lucro de acordo com o que é pedido pelo fã.

Dessa forma, a Yoobe evita problemas e impede, principalmente, o uso indevido de trabalhos de terceiros, uma vez que os próprios artistas sobem suas criações para que seus ídolos possam utilizá-las. E, entremeado a esse processo, há ainda uma inteligência artificial que garante a autenticidade das obras e impede a publicação de artes que infrinjam direitos autorias.

“Usamos a plataforma Google Cloud Vision para analisar os envios e realizar uma pesquisa automatizada em busca de problemas de copyright”, explica Genau. “Tudo o que não cabe dentro do que a gente acredita e se encaixa nos produtos é filtrado por essa plataforma, enquanto o criador é informado disso”, continua, já respondendo à questão problemática seguinte, relacionada à utilização de imagens impróprias nos produtos.

Com o tempo, a Yoobe quer profissionalizar ainda mais a relação entre criadores e seus fãs, criando contratos de licenciamento das artes para que todo o processo transcorra sem maiores dores de cabeça. “A relação entre [eles] é muito mal gerida e também queremos trabalhar para simplificar essa parte e garantir que os créditos devidos sejam dados”, completa o CEO.

A criação de produtos personalizados para startups é uma das próximas verticais da Yoobe (Imagem: Divulgação/Yoobe)

O executivo ressalta o outro lado dessa relação, que é a valorização dos trabalhos de designers anônimos que, de repente, podem se ver ao lado de ídolos e grandes nomes da indústria. “O mais legal é perceber como o fã se sente valorizado ao ver a arte dele sendo vendido na loja de alguém que gosta. É esse tipo de sinergia que queremos construir na plataforma”, afirma.

Agora, a startup trabalha em sua próxima vertical, focada nas startups que também poderão criar seus produtos na plataforma. Para os criadores, a Yoobe já está ativa e funcionando, com os responsáveis prometendo que é possível criar produtos e lançar uma loja em questão de minutos.

Fonte: Canaltech

Compartilhe