Geek City: Veever, a startup que quer deixar o mundo mais acessível

Quem vai a um evento sabe mais ou menos como tudo funciona, com uma olhada rápida pelo pavilhão indicando a localização de palcos, estandes e atrações. Mas para um deficiente visual, a experiência é muito diferente, principalmente no que toca a localização e o entendimento do que está acontecendo. É nesses dois sentidos que a Veever deseja trabalhar e, mais do que isso, proporcionar uma experiência melhor.

A empresa foi uma das startups presentes no Geek City 2019, evento de cultura pop e tecnologia que aconteceu no último final de semana em Curitiba (PR). Em um pequeno estande logo na entrada, a companhia demonstrava seu sistema de beacons que, mais do que emitir informativos, também auxiliaria os deficientes visuais a terem uma experiência cultural.

De posse de um aplicativo gratuito e com audiodescrição, o deficiente visual saberia onde ir. No caso do Geek City, por exemplo, ao permanecer parado e apontar o celular em diferentes direções, saberia, por exemplo, que a Arena Games estava logo em frente, a saída à esquerda e, seguindo até o final, o palco principal, bem como o Studio Geek, de onde o Canaltech fazia toda a cobertura.

Mas a ideia, como demonstrou Hanna Coutinho, da Veever é ir além disso, e não apenas indicar a direção, mas também o que está acontecendo em cada espaço. Ela usou um museu como exemplo, com o sistema da Veever indicando não apenas a obra que está diante do usuário, mas também descrevendo detalhes do trabalho que vão bem além da figura retratada, acrescentando informações do artista e a técnica utilizada, por exemplo.

“Fazer isso não é algo trivial, não poderíamos falar da Monalisa apenas como ‘a figura de uma mulher’, por exemplo. Sendo até redundante, precisamos de uma descrição bem ‘descritiva’”, explica João Pedro Novochadlo, cofundador da Veever, em entrevista ao Canaltech. Para obter isso, a startup tem um time de colaboradores que auxilia na audiodescrição de obras ou trabalha em parcerias com os locais onde os beacons serão instalados.

Todo o sistema funciona por Bluetooth, com conexão direta ao celular, que notifica o usuário quando ele entra em um espaço que está coberto pela Veever. O segredo está em uma tecnologia chamada geofence, que cria uma espécie de “cerca virtual” que é reconhecida pelo software e passa a indicar as informações de mapeamento para o usuário. “Além disso, nessa etapa inicial, estamos fazendo um trabalho de divulgação e convencimento para que as pessoas baixem o aplicativo”, completa Novochadlo.

Rompendo barreiras

O Geek City 2019 foi um momento especial para a equipe da Veever, não apenas pela exibição de seu produto ao público, mas também pelo recebimento, apenas dias antes, de uma boa notícia: a tecnologia será usada para dar mais acessibilidade ao público de um dos principais eventos de música do Brasil, que começa no final deste mês de setembro.

Os caminhos para os palcos, instalações, saídas e demais atrações serão todos mapeados pela empresa ao longo da maratona de shows e artistas internacionais. Serão 150 beacons instalados pelo local do evento, com o acesso sendo feito a partir do aplicativo da própria startup.

“A tecnologia, para avançar, precisa ser testada. Essa é uma oportunidade que jamais existiu para um projeto desse tipo e será uma prova de fogo para a tecnologia, com uma grande quantidade de dispositivos, um espaço enorme e centenas de celulares ao mesmo tempo”, explica o cofundador. Ele conta que a iniciativa de trazer mais acessibilidade ao evento partiu de um dos patrocinadores, que, em busca de soluções inclusivas, acabou encontrando a Veever.

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