Dez dados sobre você que podem estar à venda na Dark Web

A dark web, pequena fatia da Internet ainda mais sigilosa e obscura que a deep web, não se limita ao comércio de itens ilegais como drogas e armas. Com mercados especializados em venda de dados pessoais, a Internet sombria é popular entre hackers e cibercriminosos, que se aproveitam de informações e arquivos obtidos por meio de vazamentos para lucrar a partir de golpes.

Documentos de identificação pessoal, dados bancários, endereços de e-mail e perfis em sites de relacionamento estão entre as informações que podem ser usadas pelos criminosos para os mais diversos propósitos, desde roubo de identidade até lavagem de dinheiro. Nas linhas a seguir, o TechTudo separou dez dados sobre você que podem estar à venda na dark web.

1. Credenciais de login em sites

Frequentemente usada por criminosos para aplicar golpes, credential stuffing é uma técnica que consiste no uso de credenciais roubadas em serviços diferentes daqueles em que elas foram obtidas. Com as combinações de nome de usuário e senha em mãos, criminosos usam códigos que executam ataques em massa nos sites de interesse. Como muitas pessoas repetem o mesmo login e/ou senha em múltiplos serviços, esses dados são usados para tentar acessar outras plataformas nas quais os hackers possam obter algo de valor, como dinheiro, milhas aéreas e mercadorias caras. A ferramenta Serasa Antifraude permite saber se seu e-mail foi exposto na dark web.

2. Dados pessoais

O CPF (Cadastro de Pessoas Físicas) é uma das principais formas de identificação pessoal dos brasileiros. Por dar acesso a uma série de transações e serviços, o documento tornou-se alvo frequente de fraudadores. De posse do CPF, cibercriminosos podem gerar grandes prejuízos financeiros à vítima a partir de compras de produtos, entradas em financiamentos, solicitações de cartões de crédito, abertura de empresas fraudulentas, entre outras ações que podem fazer com que o nome da pessoa fique negativado e passe a constar na lista do SPC (Serviço de Proteção ao Crédito) e Serasa. Se a carteira de identidade (RG) também estiver nas mãos dos hackers, as chances de ser vítima de golpes financeiros são ainda maiores.

3. Dados bancários

Informações bancárias são valiosas para os criminosos da dark web. O motivo? O acesso a contas correntes é uma das formas mais fáceis de roubar dinheiro. Segundo levantamento da empresa de cibersegurança TrendMicro, o preço de venda das contas bancárias na dark web é determinado pelo saldo disponível e costuma variar entre US$ 200 e US$ 500 (R$ 816 a R$ 2.040, em conversão direta).

4. E-mail

Ter o e-mail à venda na dark web pode gerar uma grande dor de cabeça. Com acesso irrestrito à conta, hackers podem fazer uma série de coisas, como aplicar golpes de phishing a pessoas da lista de contatos, redefinir a senha do usuário em outros sites da Internet e roubar a identidade da vítima. Isso é possível porque muitas pessoas recebem faturas por e-mail, nas quais constam informações como nome completo, endereço e telefone. Caso os criminosos encontrem fotos pessoais na caixa de entrada ou de itens enviados, a falsificação de identidade estará completa.

Outro risco é que, se os hackers acharem passagens aéreas ou detalhes da reserva de um hotel no e-mail, saberão que a pessoa estará fora de casa durante certo período. Combinada ao endereço obtido a partir de uma fatura, essa informação abre caminho para que criminosos invadam a casa da vítima. Embora possibilitem uma série de fraudes, as contas de e-mail são vendidas a preço de banana na dark web: de US$ 0,70 a US$ 1,20 (R$ 2,86 a R$ 4,90, em conversão direta).

5. Conta em apps de relacionamento

Hackers utilizam contas em aplicativos e sites de relacionamento para aplicar golpes de catfish. Ao se apropriarem de um perfil já existente, os criminosos têm a vantagem de poder aproveitar a confiança e intimidade que a pessoa cuja conta foi roubada já construiu com a vítima para manipulá-la emocionalmente e solicitar dinheiro. A fraude, no entanto, pode ir muito além: conforme alertado pelo FBI em agosto, alguns golpistas usam sites de relacionamento para atrair “mulas” para lavagem de dinheiro.

6. Contas da Netflix ou outros serviços de streaming

Muitas pessoas gostam de ter acesso ao conteúdo da Netflix, mas não querem pagar pelo serviço. Se você tem algum amigo assim, provavelmente ele já pediu a senha da sua conta. Com os hackers não é diferente, exceto pelo fato de que eles não pedem permissão antes de começarem a assistir a filmes e séries. Na dark web, contas da Netflix ou de outras plataformas de streaming são vendidas por preços baixos se comparados à taxa de assinatura mensal do serviço. Caso note alguma atividade incomum no seu histórico da Netflix ou Spotify, por exemplo, altere a senha imediatamente e deslogue de todos os dispositivos.

7. Contas em sites pornográficos

Contas em portais de conteúdo adulto são uma mercadoria importante na dark web. Como os sites pornôs costumam solicitar o pagamento de uma taxa mensal para acessar os vídeos, os hackers driblam a assinatura do serviço pegando carona na conta de um cliente legítimo. Assim como no caso da Netflix, os perfis nessas plataformas são vendidos por preços muito baratos — cerca de US$ 1 (R$ 4,10, em conversão direta).

8. Dados de login de conta aérea

Embora hackers possam usar seu cartão de crédito para comprar passagens aéreas, essa é uma tática que tem ficado em segundo plano — ao menos na dark web. Como os voos — especialmente os internacionais — não são baratos, há uma grande chance de que o banco bloqueie a compra ou alerte a vítima sobre a transação suspeita. É por isso que, agora, os criminosos estão mais interessados em roubar os dados de login da sua conta em companhias aéreas: com as credenciais, eles podem gastar os pontos acumulados em programas de milhagem e diminuem a chance de serem pegos.

9. Informações de pagamento no PayPal

Hackers têm interesse especial em contas com informações de pagamento. No caso do PayPal, os cibercriminosos estão menos atentos aos cartões de crédito gravados na plataforma que ao saldo disponível na conta do serviço. Se eles conseguem obter acesso a determinado cadastro e encontram dinheiro disponível para movimentações, é provável que a conta do PayPal se transforme em mercadoria na dark web. O preço de venda varia conforme o montante disponível.

10. Contas do Fornite

Pode parecer estranho ver o Fortnite entre os itens desta lista. Afinal, por que alguém gastaria dinheiro com um game que é gratuito? A resposta está nas contas com itens raros ou com modos de jogo especiais, ambas funcionalidades desbloqueadas com pagamentos via cartão de crédito. Se os hackers obtêm acesso a contas com essas características, podem vendê-las na dark web para jogadores interessados. Quanto mais raros forem os itens, maior o preço cobrado.

A exploração das contas do Fornite não para por aí. O jogo tem sido usado para lavagem de dinheiro. Alguns criminosos usam cartões de crédito roubados para comprar V-Bucks, moeda virtual do battle royale, diretamente na loja oficial do Fornite. Em seguida, “lavam” o dinheiro ao venderem novamente a moeda em várias plataformas da dark web.

Como se proteger

Para se proteger de golpes e evitar que sua vida seja exposta na rede, é necessário tomar algumas precauções, listadas a seguir.

  • Não exponha seus dados pessoais em redes sociais ou em sites e plataformas não-oficiais, desconhecidas ou que aparentem insegurança;
  • Mantenha o antivírus atualizado em todos os seus dispositivos;
  • Evite armazenar dados pessoais, bancários ou senhas no navegador e opte por usar gerenciadores de senhas, programas específicos para esse fim;
  • Redobre a atenção a e-mails que solicitam informações como nome completo, CPF e conta bancária. Verifique o remetente da mensagem para se certificar de que não se trata de um golpe de phishing. Se necessário, entre em contato com a instituição em questão;
  • Use senhas diferentes em cada site;
  • Dê preferência aos aplicativos de internet banking em vez do acesso à conta bancária via navegador;
  • Evite a navegação por sites sem o protocolo HTTPS.

Fonte: TechTudo

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