Descoberto exoplaneta do tamanho da Terra na zona habitável de sua estrela

Dia histórico na exploração espacial! A NASA acaba de confirmar que seu telescópio espacial TESS descobriu seu primeiro exoplaneta do tamanho da Terra e que fica na zona habitável de sua estrela — a região do sistema estelar em que as temperaturas médias são adequadas para permitir a existência de água no estado líquido.

O planeta TOI 700d fica ao redor da estrela TOI 700, que é uma anã do tipo M localizada a pouco mais de 100 anos-luz de distância. Essa estrela tem 40% da massa e do tamanho do nosso Sol, com cerca de metade da temperatura em sua superfície. O TESS, em seu primeiro ano de missão, viu essa estrela aparecer em 11 dos 13 setores monitorados no céu, então foi possível capturar vários trânsitos dos três planetas ao seu redor.

Inicialmente, a estrela havia sido classificada de maneira incorreta na base de dados da NASA — ela constava como mais parecida com o Sol, o que significa que seus planetas pareciam maiores e mais quentes do que realmente são. Contudo, pesquisadores identificaram o erro, reclassificando a estrela e, portanto, tendo de avaliar seus planetas novamente — e foi aí que veio a confirmação de que o TOI 700d é do tamanho da Terra e está na zona habitável.

“Quando corrigimos os parâmetros da estrela, o tamanho de seus planetas caiu e percebemos que o mais externo era do tamanho da Terra e na zona habitável”, disse Emily Gilbert, estudante de graduação da Universidade de Chicago. “Além disso, em 11 meses de dados, não vimos explosões da estrela, o que aumenta as chances de o TOI 700d ser habitável e facilita a modelagem de suas condições atmosféricas e de superfície”.

Os três planetas descobertos neste sistema são os seguintes:

  • TOI 700b: exatamente do tamanho da Terra e possivelmente rochoso, ele é o planeta mais interno do sistema, completando uma órbita a cada 10 dias;
  • TOI 700c: 2,6 vezes maior do que a Terra, ele orbita a estrela a cada 16 dias e provavelmente é um planeta gasoso,
  • TOI 700d: o planeta mais externo do sistema, é o único na zona habitável da estrela, sendo 20% maior do que a Terra, apenas. Ele orbita o astro a cada 37 dias e recebe 86% da energia que o Sol fornece para a Terra.

Para confirmar tudo isso sobre o TOI 700d, os pesquisadores contaram com o telescópio espacial Spitzer, que enxerga no espectro infravermelho. Joseph Rodriguez, astrônomo do Center for Astrophysics na Harvard & Smithsonian, em Cambridge, foi quem solicitou dados do Spitzer para confirmar as suspeitas sobre o exoplaneta em questão.

“Dado o impacto dessa descoberta — que é o primeiro planeta do tamanho da Terra em zona habitável do TESS —, realmente queríamos que nosso entendimento desse sistema fosse o mais concreto possível. O Spitzer viu o TOI 700d transitar exatamente quando esperávamos. É um ótimo complemento ao legado de uma missão que ajudou a confirmar dois planetas do TRAPPIST-1 e a identificar mais cinco”, disse.

Com os dados do Spitzer, os cientistas ficaram confiantes de que o TOI 700d é um planeta de verdade, descartando as outras possíveis causas astrofísicas que poderiam indicar um trânsito em frente à estrela, como a presença de uma estrela menor e mais escura em um sistema binário, por exemplo. Observações feitas com um telescópio terrestre na rede do Observatório Las Cumbres também foram usadas para melhorar as estimativas do período orbital e do tamanho do planeta.

A imagem mostra a estrela TOI 700 com seus três exoplanetas confirmados ao seu redor, sendo que o TOI 700d está na zona habitável (Imagem: NASA)

Ainda que as condições reais do planeta sejam desconhecidas (embora as estimativas sejam confiáveis), a ciência pode agora usar as informações do TESS, incluindo o tamanho do planeta e o tipo da estrela que orbita, para gerar modelos computacionais e, assim, fazer previsões ainda mais assertivas a seu respeito. E pesquisadores da NASA já modelaram 20 ambientes em potencial do TOI 700d para verificar se algum deles daria o veredicto da habitabilidade.

Esses modelos consideraram diversos tipos de superfície possíveis, bem como composições atmosféricas tipicamente associadas a mundos potencialmente habitáveis. Uma das simulações acabou revelando um planeta coberto por um oceano e contando com uma atmosfera densa dominada por dióxido de carbono, algo semelhante ao que se suspeita ter sido Marte no passado. Já outra simulação mostra um TOI 700d como uma versão parecida com a Terra moderna. Ou seja: estatisticamente, o exoplaneta pode, sim, ser habitável — ainda que isso não tenha sido confirmado, ainda.

Com a ajuda de novos telescópios que prometem revolucionar a busca por vida fora da Terra nesta década de 2020, teremos mais meios de estudar a atmosfera real do TOI 700d e, de repente, bater o martelo de que ele é, sim habitável — e quem sabe até mesmo habitado, não é mesmo?

Fonte: Canaltech

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