Cientistas descobriram uma nova forma geométrica no corpo humano

Tetraedros, heptágonos, dodecágono, prismas, esferas… são dezenas as formas geométricas que aprendemos ainda na escola.

Algumas com linhas retas, regulares, irregulares, com todo tipo de ângulo, e outras ainda inspiradas em partes do corpo humano. E, quando a gente acha que todas as possibilidades já foram esgotadas, lá vem a ciência e nos apresenta o scutoid, o mais novo formato geométrico do mundo.

Não é que os cientistas fiquem se esforçando para criar figuras geométricas inéditas em laboratório. No caso do scutoid, ele surgiu durante uma análise que tentava compreender melhor o formato das células da pele humana.

Liderado pelo bioengenheiro Javier Buceta, da Universidade Lehigh, o grupo de pesquisadores utilizou modelos 3D para simular a construção de células epiteliais e percebeu que elas tinham um formato bastante peculiar.

A expectativa, antes de visualizar as células completamente, era de que elas teriam a forma de prismas que lembram colunas ou mais similares a cilindros.

“Nosso modelo previa que, conforma a curvatura do tecido aumenta, colunas e formatos de garrafa não poderiam ser as únicas formas em que as células se desenvolveriam. Para a nossa surpresa, esse formato nem possuía um nome na matemática. Não é todo dia que alguém tem a oportunidade de nomear uma nova forma geométrica”, disse o bioengenheiro.

O batizado
Com essa responsabilidade nas costas, os cientistas decidiram encontrar um nome que tivesse algum fundamento na biologia. Scutoid é, então, uma homenagem ao escutelo, uma parte do tórax de alguns insetos que lembra bastante a nova descoberta, por conter uma espécie de um Y no centro.

Segundo eles, esse Y é justamente um dos grandes destaques do scutoid, cujas linhas e curvas dão a impressão de que ele é uma junção de duas partes. Essa junção que acontece bem ali, na forquilha, confere mais eficiência energética ao formato, ou ao menos é isso que eles estão pressupondo.

“Quando o tecido se curva, tende a minimizar a energia para se manter estável. Por essa razão, nossos dados biofísicos indicam que o que essas células fazem é adotar uma forma escutoide”, esclarece o biólogo celular Luis Escudero, da Universidade de Sevilha, na Espanha. Em outras palavras, o formato escutoide das células contribui para a elasticidade da pele e para que o tecido não se rompa quando torcido.

Segundo ele, análises posteriores ao descobrimento do scutoid mostraram que outros organismos além da pele humana também possuem composições celulares com esse mesmo formato; apenas não o havíamos identificado. O peixe-zebra e a mosca-da-fruta são exemplos que já foram antecipados pelos cientistas, que acreditam que é possível que contruções similares estejam em boa parte dos tecidos epiteliais.

Por um minuto, pode parecer uma descoberta pouco importante – afinal, mais um formato para decorar para a prova de Matemática? Mas não é bem assim! Compreender como de fato se comportam as células epiteliais e seu formato pode ajudar os pesquisadores em futuros desdobramentos sobre a análise dermatológica – ele poderia, por exemplo, influenciar o aprimoramento de técnicas de reconstrução da pele, entre outras perspectivas.

Fonte: Mundo Curioso

 

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