A lenda universal: Dragões ao redor do mundo

Conheça as muitas variações do monstro temido e celebrado por culturas separadas por oceanos

Dragões são uma estranha coincidência do folclore mundial. Povos separados por continentes parecem ter chegado independentemente à ideia de um réptil gigante, voador e capaz de falar. Seria pura coincidência?

A tese mais comum é que os fósseis de dinossauros tenham sido a inspiração. Há 40 mil anos, as sociedades primitivas já topavam com eles. Mas talvez a fonte seja bem mais familiar: existe uma igreja na Polônia, em Cracóvia, com os “ossos do dragão Wawel”. Visivelmente, são costelas de baleia.

Mas Cracóvia fica a centenas de quilômetros do mar. Para eles, esses ossos, provavelmente trazidos por viajantes do litoral, eram tão exóticos quanto os dos dinossauros.

A palavra dragão vem do grego drakón (“serpente”). E como o nome de uma criatura comum foi parar num monstro talvez também tenha a ver com as baleias. Vistas por cima dos navios, elas podem parecer serpentes monstruosas. As lendas de serpentes marinhas, transplantadas para a terra, se tornaram os dragões.

Confira algumas das criaturas lendárias.

Tialong (207 a.C)

Crédito: Reprodução

Long é “dragão” em chinês, e tian, “celestial”. Dragões chineses são criaturas esguias e que se movem como serpentes pelo ar, flutuando, sem asas. Este dragão em particular teria sido avistado pelos sacerdotes antigos puxando a carruagem dos deuses, perto das estrelas. Um guia dos antepassados reais que se manifestava sob a forma de uma serpente flutuante, em espiral e com quatro patas. Entre suas atribuições, a principal seria a de proteger a dinastia imperial. Nem todo dragão chinês é benévolo: o rei-dragão Ao Kuang causava todo o tipo de desastre e exigia sacrifícios humanos.

Zmey Gorynych (C. 1100)

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De acordo com a mitologia eslava, zmeys eram seres semelhantes à hidra grega, com três cabeças, mas com poderes para voar, cuspir fogo e assumir a forma humana. O mais famoso dessa linhagem era o Gorynych, que foi morto pelo herói russo Dobrynya Nikitich após ter raptado uma nobre donzela. Na Sérvia, fugindo ao padrão europeu, os zmeys eram bons e afastavam as tempestades.

Ladon (700 A.C.)

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Segundo o poeta grego Hesíodo, o réptil de 100 cabeças guardava o pomar de maçãs de ouro da deusa Hera. Ele tinha olhos de fogo e cada cabeça sua falava uma língua diferente. Em uma das versões da lenda de Hércules, foi morto pelo herói no trabalho de
roubar as maçãs. Incorporado à cultura romana, inspirou estandartes militares e a lenda da constelação de Draco.

Coca (C. 1200)

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O dragão lendário combatido por São Jorge. Para os portugueses, um monstro com uma
longa e retorcida cauda, que habitava o Rio Minho. Já a versão dos espanhóis voava sobre o mar e devorava aldeões. Ainda hoje, na Festa da Coca, em Monção, Portugal, uma versão mecânica é “morta” por um cavaleiro fazendo as vezes do santo. É a origem da Cuca, outra pronúncia de seu nome – Monteiro Lobato fez do dragão um jacaré para abrasileirar.

Leviatã (500 a.C.)

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De acordo com a Bíblia, havia um monstro marinho que destruía embarcações e às vezes era identificado como uma enorme serpente ou um crocodilo. Além de forte, tinha o corpo impenetrável. Na Babilônia, ficou associado à figura de Tiamat, deusa dos mares.

Quetzalcóatl (C. 810)

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Os astecas e os maias (que o chamavam de Kukulkan) cultuavam como divindade um réptil emplumado e voador. Segundo sua crença, podia se transformar em gente e garantir a prosperidade das lavouras. Em 1975, seu nome foi associado a uma espécie de pterossauro – a maior criatura a já voar, com uma envergadura de até 14 metros.

Tarasca (C. 1300)

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Uma lenda cristã fala sobre esse dragão, que tinha seis patas troncudas como as de um urso, casco de tartaruga, cauda de escorpião e cabeça de leão. Vários habitantes da região de Provença tentaram derrotá-lo, incluindo o rei, sem sucesso. Até que surge Santa Marta – a irmã de Lázaro, aquele que é ressuscitado por Jesus na Bíblia. Ela amansa a tarasca com orações e a conduz para a cidade, onde é morta sem resistência.

Os cidadãos se convertem imediatamente e, sentindo-se culpados por matarem a fera indefesa, rebatizam sua cidade para Tarascon, como até hoje.

Serpe (C. 1500)

Até o século 16, era somente uma variação de dragão. Depois ganhou identidade própria, com apenas duas patas, sem produzir fogo e incapaz de falar. Mas não sem prestígio: aqui no Brasil, uma serpe adornava o cetro de dom Pedro II.

 

Fonte: Aventuras na História

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