35 anos sem Michel Foucault: Conheça a história de um dos mais célebres filósofos do século 20

Foucault foi um pensador muito importante para a Filosofia, a História e a Psicologia, adaptando importantes conceitos como poder, discurso e sujeito

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Michel Foucault, um dos maiores nomes do pós-estruturalismo francês, nasceu na cidade de Poitiers, na França, em 15 de outubro de 1926. Sua família era consideravelmente conturbada e a relação de Foucault com o pai era bastante tensa: aos 22 anos, após uma tentativa de suicídio, Michel foi internado compulsoriamente pelo pai em um hospital psiquiátrico, que o acusava de loucura. Difícil não dizer como isso influenciou sua obra futuramente.

Foucault sentiu-se desde cedo interessado nas áreas de psicologia e psicanálise. Quando assumiu a maioridade, ele entrou na Escola Normal Superior de Paris, querendo estudar essas áreas. Mas, em contato com laudos psiquiátricos, como o caso de Pierre Rivière, que matou a própria mãe, começou a se interessar nas relações entre loucura e poder. Logo, criou interesse na Filosofia, influenciado por seus mestres Jean Hyppolite, que o guiou em suas futuras pesquisas, e Louis Althusser, a partir de quem Foucault fez sua crítica ao marxismo.

Foucault passou anos atuando como diplomata cultural pela Europa e pelo mundo, retornando no início dos anos 1960 para publicar sua Histoire de la Folie (História da Loucura), onde traça as formas históricas de concepção da loucura na Idade Clássica, num pretexto para sua próxima obra, Naissance de la Clinique (O Nascimento da Clínica), onde trabalha a genealogia do hospital psiquiátrico e a ação governamental de enclausurar os loucos.

Rara imagem de Foucault com cabelo / Crédito: Reprodução

A partir de 1960, começa a trabalhar na Universidade de Clermont-Ferrand, onde escreveu sua principal obra, Le Mots et le choses (As Palavras e as Coisas), quando começa a se afastar da fenomenologia e se aproximar das áreas da epistemologia e do estruturalismo antropológico. É a partir dessas bases (sendo que Foucault se divorciará do estruturalismo) que o autor cria a principal técnica historiográfica de sua obra, que ele chamou de arqueologia.

Em 1966, Foucault sai da França e se torna professor da Universidade de Túnis (Tunísia), onde fica até 1968, quando retorna à França. De volta ao seu país, se tornou chefe do Departamento de Filosofia da recém-criada Universitè Paris VIII. Nesse ano, também aparece participando de atos e protestos na capital contra o governo, sendo um importante nome do ano 1968.

Foucault, então, se aproxima de grupos militantes de esquerda, nos movimentos antirracistas e na militância pelos Direitos Humanos, além de se tornar nome relevante da luta antimanicomial e pela reforma penal.

Protesto em 1972: vemos Gilles Deleuze, Jean-Paul Sarte e Michel Foucault / Crédito: Reprodução

Em 1970, é finalmente admitido no Collège de France, onde grandes nomes do pós-estruturalismo (tal qual Foucault) trabalharam, como Jacques Derrida e Roland Barthes. Nesse ambiente, escreveu famosas obras sobre a genealogia e a arqueologia de formas de poder social, a partir de jogos de discurso, como l’archeologie du Savoir (A Arqueologia do Saber), Surveiller et Punir (Vigiar e Punir) e Histoire de la Sexualite (A história da Sexualidade).

Foucault era homossexual e sofreu com diversas formas de preconceito durante a vida. Com cerca de 50 anos, foi infectado pelo vírus da AIDS, contraindo o HIV e tendo diversos problemas neurológicos e motores devido à doença. Em 25 de junho de 1984, aos 57 anos, o filósofo morreu em Paris, devido o agravamento da AIDS, sendo a primeira figura pública de grande nome na França a morrer por esse motivo.

Seu parceiro, Daniel Defert, criou, após sua morte, uma fundação de caridade em sua memória chamada AIDES, dedicada ao combate à HIV e à Hepatite viral.

Fonte: Aventuras na História

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